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Meu Filho Não Quer Visitar o Outro Genitor: E Agora?

  • Foto do escritor: Patrícia de Castro
    Patrícia de Castro
  • há 6 dias
  • 10 min de leitura

Nem tudo é alienação parental — mas atenção é fundamental.

Quando a recusa aparece, a insegurança da criança precisa ser acolhida — nunca ignorada.
Quando a recusa aparece, a insegurança da criança precisa ser acolhida — nunca ignorada.

Quando a Recusa Acontece


Meu filho não quer visitar o outro genitor: e agora? — essa é uma pergunta que chega diariamente aos escritórios de advocacia de família, aos consultórios de psicologia e, claro, aos comentários dos vídeos da Ohana.

O cenário é comum: o dia da visita está marcado, tudo parecia tranquilo, mas na hora de sair de casa a criança trava. Choro, medo, irritação, silêncio… e você, responsável presente naquele momento, fica no meio de um turbilhão emocional tentando entender o que fazer.


Essa situação é delicada por vários motivos. Primeiro, porque envolve emoções genuínas da criança, que nem sempre consegue expressar o que está sentindo. Segundo, porque coloca o pai ou a mãe em uma posição de responsabilidade legal, já que o direito de convivência faz parte de um acordo judicial ou de uma decisão que precisa ser cumprida. E terceiro, porque toca em pontos sensíveis de qualquer família: vínculos afetivos, expectativas, frustrações e cuidados.


Mas, antes de qualquer atitude impulsiva — deixar ir, não deixar ir, obrigar, proibir — é preciso respirar. Entender a recusa exige calma, escuta ativa e, muitas vezes, orientação profissional. Este artigo existe justamente para isso: ajudar você a navegar por esse momento com mais clareza, segurança jurídica e acolhimento. Porque no Direito das Famílias, mais do que regras, lidamos com pessoas — e, sobretudo, com crianças que precisam ser protegidas, ouvidas e amparadas.


Por Que as Crianças Recusam Visitar o Outro Genitor?


Quando uma criança resiste a visitar o outro genitor, isso nunca acontece “do nada”. A recusa é um sinal, e como todo sinal, precisa ser observado com atenção — não ignorado, nem dramatizado. Entender a origem desse comportamento é o primeiro passo para lidar com a situação de forma responsável e sensível.


Muitas vezes, o motivo é emocional. Crianças pequenas podem sentir medo ou insegurança diante de mudanças bruscas, especialmente após uma separação recente. Outras têm dificuldade de se adaptar a duas rotinas diferentes, duas casas, dois conjuntos de regras. Às vezes, o simples fato de dormir fora de casa já provoca ansiedade. Em fases específicas do desenvolvimento — como na primeira infância ou na pré-adolescência — isso pode ser ainda mais intenso.


Também pode haver causas práticas e cotidianas. A criança pode estar enfrentando um conflito escolar, cansaço extremo, problemas de sono, ciúmes de novos irmãos, ou até mesmo não se sentir confortável com a nova família ampliada do outro genitor. São situações que não têm vilão: apenas refletem um processo de adaptação.


Em outros casos, a recusa surge porque a criança absorve os conflitos entre os pais. Mesmo sem intenção, pequenas tensões, comentários ou olhares são percebidos. A criança sente o clima — e, para não desagradar ninguém, acaba dizendo que não quer ir.


Também é preciso considerar a fase pós-divórcio. Cada criança vive esse período no seu ritmo. Algumas se adaptam rápido; outras levam meses ou anos para estabilizar emoções, especialmente quando ainda estão compreendendo a nova dinâmica familiar.


Importante reforçar: nem sempre existe um culpado, mas sempre existe um motivo. E ignorar esse motivo pode transformar uma recusa momentânea em um problema maior. Observar com carinho, perguntar com leveza e buscar ajuda quando necessário são atitudes que protegem a criança e ajudam todos os envolvidos a encontrar um caminho mais saudável.


Pais separados conversando de forma respeitosa sobre a rotina de convivência da criança.
Diálogo entre os pais é essencial para reduzir conflitos e proteger o bem-estar da criança.

O Papel do Responsável que Está com a Criança


Quando chega o dia da visita e a criança diz que não quer ir, o primeiro impulso do responsável que está com ela costuma ser proteger — e isso é natural. Mas é justamente nesse momento que o adulto precisa agir com equilíbrio, sensibilidade e responsabilidade jurídica.


O guardião não pode simplesmente aceitar a recusa e encerrar o assunto. A lei entende que ambos os genitores têm direito e dever de conviver com o filho, e o responsável que está com a criança também tem o dever de estimular esse vínculo. Isso significa orientar, conversar, acolher, explicar a importância da convivência e, sempre que possível, facilitar que a visita aconteça.


Mas isso não significa forçar a criança a qualquer custo. O papel do guardião é fazer uma ponte — não um muro, mas também não um empurrão. É preciso observar o contexto: a recusa aconteceu uma única vez ou se repete? A criança está chorando, apática, com medo? Há relatos de tratamento inadequado, ambiente hostil ou situações que gerem alerta?


Porque, se por um lado o guardião não pode permitir que a recusa vire rotina sem justificativa, por outro ele tem o dever de proteger quando há sinais de risco real. Nessas situações, não se trata de descumprimento de visitas, e sim de cuidado com a integridade física e emocional do menor.


A postura ideal envolve três atitudes:

  • Escutar a criança com calma, sem induzir respostas.

  • Registrar e observar padrões para entender se há um problema pontual ou algo mais profundo.

  • Comunicar o outro genitor de forma respeitosa, buscando resolver juntos antes de transformar tudo em conflito judicial.


O guardião é, na prática, o mediador mais importante dessa relação. Seu papel não é escolher lados, mas garantir que a criança esteja segura — e que o vínculo com ambos os pais seja preservado sempre que possível. Essa combinação de cuidado e responsabilidade é o que realmente protege a infância.


Quando a Recusa Pode Indicar Algum Problema Mais Grave


Nem toda recusa é manha ou simples resistência à rotina. Em alguns casos, ela funciona como um sinal de alerta — especialmente quando surge de forma repentina, intensa ou repetida. Crianças costumam comunicar sofrimento não apenas com palavras, mas com comportamento, e é papel dos adultos perceber esses sinais com atenção.


A recusa pode estar ligada a situações de violência física, psicológica ou sexual, mesmo quando não há marcas visíveis. Pode também indicar negligência, ambientes inseguros, exposição a conflitos constantes, ou ainda a presença de pessoas que deixam a criança desconfortável. Quando o menor demonstra medo persistente, choro intenso, regressão comportamental (como voltar a urinar na cama), isolamento ou mudanças abruptas de humor, é preciso investigar com seriedade.


Outro ponto importante é observar sinais de alienação parental — quando um dos responsáveis interfere negativamente na relação da criança com o outro genitor. Comentários depreciativos, pressão emocional ou chantagem afetiva podem gerar ansiedade, culpa e até o chamado choque de lealdade, em que o menor sente que precisa escolher um lado para agradar o responsável com quem convive mais.


Também merece atenção a ansiedade extrema. Crianças podem sofrer com mudanças bruscas após o divórcio, novas rotinas, novos parceiros dos pais ou inseguranças que não foram trabalhadas. Quando a visita se torna gatilho para crises repetidas, o problema não é simplesmente a visita — é um sentimento que precisa ser acolhido.


Nesses casos, observar e registrar é essencial:


  • Anotar datas, comportamentos e situações;

  • Perceber padrões;

  • Conversar com a criança de maneira neutra, sem induzir respostas;

  • Buscar apoio profissional, como psicólogos ou assistentes sociais.


A recusa, quando persistente e acompanhada de sofrimento real, não deve ser ignorada. Entender o que está por trás do “eu não quero ir” é a chave para proteger a criança — e para que qualquer decisão futura seja tomada com responsabilidade e segurança emocional.


Psicóloga infantil acolhendo uma criança durante atendimento terapêutico.
A ajuda profissional pode revelar o que a criança ainda não sabe explicar em palavras.

O que a Lei Diz Sobre o Exercício do Direito de Convivência


No Direito das Famílias, a convivência não é um favor nem um privilégio de um dos genitores — é um direito fundamental da criança. Isso significa que o objetivo da lei não é punir o pai ou a mãe, mas garantir que o filho mantenha vínculos saudáveis e contínuos com ambos, sempre que isso for seguro e benéfico.


Quando há uma decisão judicial ou um acordo homologado estabelecendo dias, horários e forma de convivência, o responsável que está com a criança tem o dever de cumprir, salvo situações excepcionais que coloquem o menor em risco real. O descumprimento reiterado pode gerar consequências jurídicas, como advertência, multa, ampliação do regime de convivência com o outro genitor e, em casos extremos, até revisão da guarda.


Mas a lei também reconhece que a vida real é complexa. Por isso, existe espaço para flexibilização quando há motivos legítimos — como doença, questões emocionais da criança, eventos escolares, ajustes de rotina ou transições familiares. O que não pode ocorrer é a recusa constante sem justificativa ou decisões unilaterais que prejudiquem o vínculo.


Quando o diálogo entre os pais está difícil, a mediação familiar se torna uma ferramenta valiosa. Ela ajuda a reduzir conflitos, encontrar soluções práticas e construir acordos mais realistas para a rotina da criança. Já quando a situação se torna insustentável ou ultrapassa a capacidade de resolução entre os adultos, a alternativa é buscar a revisão judicial do acordo ou da sentença. Assim, um juiz — com apoio de equipe multidisciplinar — poderá analisar o cenário atual e ajustar o regime de convivência de forma mais adequada.


Em resumo: a convivência é um direito da criança, mas precisa ser exercida com sensibilidade, bom senso e responsabilidade. A lei existe para proteger, orientar e corrigir rumos quando necessário — sempre em nome do melhor interesse do menor.


Quando Procurar Ajuda Profissional


Quando uma criança se recusa repetidamente a visitar o outro genitor, a pior escolha é agir por impulso. A recusa persistente não deve ser tratada como birra, punição ou drama familiar — ela é um sinal de que algo, em algum nível, precisa de atenção. E é exatamente aqui que entra a importância de buscar ajuda profissional.


Profissionais como psicólogos infantis podem investigar o que está por trás do comportamento da criança, acolher suas emoções, identificar inseguranças e oferecer estratégias para facilitar a convivência. Já um assistente social ou profissional da rede de proteção pode avaliar o contexto familiar, compreender dinâmicas de cuidado e orientar caminhos de apoio.


No campo jurídico, um advogado de Direito das Famílias é essencial para orientar os pais sobre o que a lei permite, o que exige cautela e como agir sem violar direitos da criança ou do outro genitor. Muitas vezes, o problema não está na convivência em si, mas no acordo mal formulado, em horários incompatíveis, mudanças de rotina ou falhas de comunicação.


E quando a relação entre os adultos está desgastada, a presença de um mediador familiar ajuda a reconstruir pontes. A mediação permite reorganizar a convivência, ajustar expectativas e reduzir tensões — tudo isso sem transformar o conflito em batalha judicial.


A mensagem central é simples: não enfrente sozinho. A recusa pode ter raízes emocionais profundas ou questões práticas que não se resolvem apenas com boa vontade. Contar com uma equipe técnica é a forma mais segura de proteger a criança, fortalecer vínculos e encontrar soluções justas e equilibradas. E, acima de tudo, evita decisões precipitadas que poderiam gerar ainda mais dor, conflitos e prejuízos emocionais.


A visita assistida pode ser um caminho seguro para reconstruir o vínculo com leveza.
A visita assistida pode ser um caminho seguro para reconstruir o vínculo com leveza.

Caminhos para Reconstruir o Vínculo


Quando uma criança não quer visitar o outro genitor, o foco precisa sair do conflito e voltar para onde sempre deveria estar: o bem-estar emocional do menor. Reconstruir o vínculo é possível — e, muitas vezes, essencial —, mas exige paciência, cuidado e estratégias pensadas para acolher a criança, não para pressioná-la.


Um dos primeiros passos pode ser a visita assistida, realizada com acompanhamento de um profissional ou em ambiente supervisionado. Esse formato traz segurança para a criança, para o genitor e para o responsável que está conduzindo a situação. É uma maneira de retomar o contato com leveza, sem exposição a tensões.


Outra alternativa é ajustar os horários e formatos da convivência. Às vezes, a resistência não é ao genitor, mas à rotina: longos deslocamentos, horários ruins, mudanças bruscas de ambiente. Pequenas adaptações — como encontros mais curtos no início, atividades em locais que a criança gosta ou transições mais suaves — podem reduzir muito a ansiedade.


Conversas mediadas também são poderosas. Com a ajuda de um mediador ou terapeuta familiar, os adultos conseguem reorganizar a comunicação, alinhar expectativas e criar um ambiente emocional mais estável para a criança. Quando os pais conseguem conversar sem conflito, a criança sente: e essa segurança abre portas para o vínculo florescer novamente.


É fundamental lembrar que a reconstrução também passa pelo fortalecimento emocional da própria criança. Psicoterapia infantil, atividades que ajudem a expressar sentimentos e um ambiente familiar livre de tensões contribuem para restaurar a confiança e o senso de segurança.


Acima de tudo, é preciso colaboração entre os pais. Quando ambos compreendem que o objetivo não é “vencer”, mas proteger e acolher, a convivência se transforma. O vínculo se reconstrói, não por força, mas por cuidado. Porque no fim das contas, o que realmente importa não é o calendário das visitas — é o coração da criança, seu bem-estar e a certeza de que ela é amada por todos os lados.


Cuidar é Ouvir, Proteger e Agir com Responsabilidade


Quando uma criança diz “eu não quero ir”, o mundo dos adultos precisa pausar. Não é hora de culpar, pressionar ou decidir sozinho — é hora de ouvir, entender o que ela sente, proteger seu bem-estar e agir com responsabilidade. Toda a jornada que exploramos aqui mostra que, quando o filho não quer visitar o outro genitor, a resposta nunca é simples, mas o caminho pode ser leve quando guiado com empatia e apoio técnico.


A recusa pode surgir de inseguranças, mudanças de rotina, conflitos familiares ou até situações mais graves. Por isso, o melhor gesto de cuidado é não minimizar o que a criança expressa, mas também não permitir que ela carregue sozinha um peso que pertence aos adultos. Com psicólogos, mediadores, assistentes sociais e orientação jurídica, é possível reconstruir vínculos, ajustar acordos e criar um ambiente seguro para que ela cresça cercada de afeto.


No fim, cuidar não é apenas cumprir um calendário — é garantir que cada passo da convivência faça sentido para a criança. E quando os pais agem com calma, diálogo e responsabilidade, a relação já começa a se transformar.


Se você está passando por essa situação e precisa de orientação clara, humana e especializada, a Ohana Direito das Famílias está aqui para ajudar. Porque quando o assunto é criança, a gente sempre escolhe o caminho do cuidado.


🔍 Quer entender até onde vai o seu direito de postar fotos e vídeos dos seus filhos nas redes sociais — e quando isso pode virar um problema jurídico sério?Assista ao vídeo completo da Ohana sobre responsabilidade digital dos pais.


Lá eu explico, de forma simples e direta, como o excesso de exposição pode ser interpretado pela Justiça, quais são os limites legais, quando há risco real de perda ou revisão da guarda, e como proteger o bem-estar e a privacidade das crianças.



Se você é pai, mãe ou responsável, esse vídeo é essencial para entender seus direitos — e, principalmente, seus deveres — no ambiente digital.

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